quarta-feira, maio 31, 2006

a noiva


vejo-me a frente de um espelho partido,
velho, apagado pelos anos;
o vestido roxo comprido,
- de lycra coberto de lantejoulas roxas -
colado ao corpo
sem deixar passar um fio de ar,
só os ombros e o rosto estão descobertos;
apesar do frio das paredes de pedra
do castelo abandonado,
sinto-me estranhamente quente
nem um arrepio, nem um tremor;
olho-me ao espelho e não me vejo!
oiço vozes a minha volta
o meu pai e a minha mãe tentam apressar-me
'estão todos a espera'
não sei bem de quê
algo me diz que é o meu casamento,
mas não o sinto...
saimos, as ruas de calçada de pedra
tudo parecia abandonado,
nem mesmo se via alguém, mas ouvia vozes
o ceu cobre-se se nuvens de sangue
vai chover, sim vai chover
as nuvens juntavam-se
formando uma sombra negra;
'vá despacha-te' ou vi alguém dizer


e acordei

'Fofa'

que arrepio na espinha...
detesto que me chamem de Fofa. Só de escrever Fofa 'dá-se-me' uma coisa...
mas existem pessoas (eles, normalmente) que insistem em dizer Fofa pensando que estão a lançar todo o seu charme e que do outro lado, a Fofa, está completamente derretida e rendida.
esquecem-se que nem todas as pessoas são sensíveis a palavra Fofa.

escrevi 6 vezes a palavra... foi uma espécie de catarse... mas, não funcionou, continuo infectada com o vírus - o tal , aquele cujo nome não pronuncio

terça-feira, maio 30, 2006

(ajudem-me num titulo para isto)

ele : «quando te vi tive que fazer um esforço para não te agarrar ali na recepção e, nem imaginas o que te fazia» - os olhos percorriam-na exageradamente - «em casa tive que recorrer a mão amiga e também um duche frio.... »

vendo o rosto de indiferença dela (eu diria mais de repugnação, mas ela achou melhor não ferir o ego dele):

« a sério...já te disse que sonho muitas vezes contigo e acordo num estado lastimável...o que tu me fazes... ha ha ha » (não saberá ele que está a fazer uma figura ridícula?) « é um elogio para ti, até em sonhos levas-me a excitação, ao orgasmo completo...»

ela já nem o ouvia, olhava para ele sem reacção, com pena?...

para nós entendermos melhor a sua reação (nada reveladora para ele...bem, ela sabe o que eu penso dele) temos que viajar no tempo,num espaço intimo.
Não devemos ter muitas expectativas no que se refere ao sexo porque a desilução/decepção é muito mais proeminente. Quando um homem chega-se todo envolvente, que faz e que acontece, que apetece, 'se eu te agarro nem sei que te faço, não te vou deixar respirar sequer...', na hora X de sexo mesmo, ui que desastre, que frustação; o 'é bom não foi?' nesses casos é visto como uma sobremesa apetecida porque nesses casos é 'então?!?!?!?'...

é sempre melhor quando as coisas fluem com naturalidade, sem promessas, sem desvairos ilusórios.

«ha ha ha.....blá blá, eu eu...» e ele a dar-lhe... e ela, com um sorriso trocista escondido. que situação ... o 'garanhão' é só publicidade enganosa. nada nele estimulava (beijos, carícias, sexo...) NADA... e mesmo assim sentia-se o Tal...
provavelmente pelo silêncio dela, ele pressumiu que o acto foi Fabulástico, só tesão... também para quem só vê o próprio umbigo (não vê para além disso LOL)...
quanta ingenuidade...eu não diria ingenuidade claro, mas isso sou eu...ela é mais tolerante...

quinta-feira, maio 25, 2006

You'll Follow Me Down - Skunk Anansie


Survived, tonight, I may be going down, 'cos everything goes round too, tight, tonight, & as you watch me crawl, you stand for more. & your panic stricken, blood will thicken up, tonight
'Cos I don't want you, to forgive me,
you'll follow me down, you'll follow me down, you'll follow me down
Survive tonight, (I see your) head's exposed, so we shall kill, constructive might, s'right, as your emotions fool you, (my) strong will rule, I won't feel restraint, watching you close sense down, I can't compensate, that's more than I've got to give.

Espectáculos de Verão no Estoril - a borlix ;)

quarta-feira, maio 24, 2006

Gestão no reino animal

Sei que é enorme, mas vale a pena ler, está fabulástico:

Todos os dias, a formiga chegava cedinho à oficina e desatava a trabalhar. Produzia e era feliz.
O gerente, o leão, estranhou que a formiga trabalhasse sem supervisão. Se ela produzia tanto sem supervisão, melhor seria supervisionada?Contratou uma barata, que tinha muita experiência como supervisora e fazia belíssimos relatórios. A primeira preocupação da barata foi a de estabelecer um horário para entrada e saída da formiga. De seguida, a barata precisou de uma secretária para a ajudar a preparar os relatórios e contratou uma aranha que além do mais, organizava os arquivos e controlava as ligações telefónicas. O leão ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também gráficos com índices de produção e análise de tendências, que eram mostrados em reuniões específicas para o efeito.Foi então que a barata comprou um computador e uma impressora laser e admitiu a mosca para gerir o departamento de informática. A formiga de produtiva e feliz, passou a lamentar-se com todo aquele universo de papéis e reuniões que lhe consumiam o tempo! O leão concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área onde a formiga operária trabalhava. O cargo foi dado a uma cigarra, cuja primeira medida foi comprar uma carpete e uma cadeira ortopédica para o seu gabinete. A nova gestora, a cigarra, precisou ainda de computador e de uma assistente (que trouxe do seu anterior emprego) para ajudá-la na preparação de um plano estratégico de optimização do trabalho e no controlo do orçamento para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava mais e cada dia se mostrava mais enfadada. Foi nessa altura que a cigarra, convenceu o gerente, o leão, da necessidade de fazer um estudo climático do ambiente. Ao considerar as disponibilidades, o leão deu-se conta de que a Unidade em que a formiga trabalhava já não rendia como antes; e contratou a coruja, uma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico e sugerisse soluções. A coruja permaneceu três meses nos escritórios e fez um extenso relatório, em vários volumes que concluía : "Há muita gente nesta empresa".
Adivinhem quem o leão começou por despedir?
A formiga, claro, porque "andava muito desmotivada e aborrecida".

... ?

« eu só quero saber
em qual rua
minha vida
vai encontrar a tua»

terça-feira, maio 23, 2006

porquê que os gajos se gabam?

-'gaja boa' - 'comia-a toda' -'comi e lambi' -'gajas, papo-as todas' ...

pois... tens problemas:
- ou de ejaculação precoce
- ou de impotência sexual
- ou és maricas não assumido
-... continuo?????

Paracuca



Doce de jinguba em torrões
(palavra originada no facto de este doce seco ser comido no acompanhamento da cerveja, sobretudo da marca Cuca)
Para-cuca. Amendoim para comer com a cerveja Cuca - central unida de cervejas de angola.

(não tenho nenhuma foto da paracuca, infelizmente, só vos digo uma coisa: cuiá - é bom)
Comi paracuca de Angola, neste final de semana, a minha amiga Lette trouxe da banda.... que saudades...

És tu? É sobre ti?

perguntam-me muitas vezes, em relação ao que escrevo:
"ACONTECEU CONTIGO?"
eu respondo:
"escrevo o que me vem a cabeça, coisas sem nexo;
escrevo quando olho para um casal na rua, quando vejo uma criança a brincar, quando estou aborrecida no meio do trânsito, quando sonho com algo no mínimo invulgar...
a maior parte não tem nada a ver comigo, muitas gostaria que tivesse acontecido...
criei o meu mundo de silêncio há muitos anos:
a minha voz é a minha escrita."

Tu - sem Rosto



como queria que olhasses para mim e sentisses necessidade em estar comigo, tocar-me, beijar-me, amar-me; partilhares os teus dias, as tuas incertezas, as tuas alegrias, e as minhas.
Tu não tens nome, não tens rosto, nunca tiveste; eu queria poder, pelo menos uma vez, chamar-te pelo nome, ouvir a tua voz;
não creio que isso vá acontecer - o que entristece, principalmente nunca ter experimentado sentir isso: ter-te ao meu lado;
sem medos, sem temer nada, com um amanhã;
Doi saber que nunca te terei ao meu lado e saber que não terei a possibilidade de ser mãe - não estás disponível, não encontraste o caminho de casa;

Enganem-se amigos se pensam que 'ele' existe realmente - embora fosse meu desejo que 'ele' (que 'tu') tivesse (s) um ROSTO.

segunda-feira, maio 22, 2006

Feira da Sorrir

Como sabem, foi neste fim de semana (20 e 21 de Maio), nos Jardins de Belém. Os dias estavam magníficos. Havia imensas actividades ao ar livre - a borlix -, tudo com muita boa disposição. Participei nas danças orientais e latinas, e fui ao workshop de Escrita Criativa. Para além dessas actividades, havia também: Tantra Yoga e Meditação, Chi-Kung, Brincar Dançando, Palestra de Astrologia, Yoga para crianças, Expressão Dramática, Palestra de Autoconfiança, Palestra Sacro Craneana, Biadanza, Sessão do Riso, Danças dos Afectos - tudo grátis, nos jardins e nas tendas. Só as massagens é que eram 4€.

Adorei...claro que estou 'ressacada' de tanta actividade. Fiz poucas vendas mas foi bom.


Ah e encontrei uma pessoa que não via há anos e que (ultimamente) pensava muito nela : a minha querida Lette.

National Geografic by Rafael (5 anos)


- Tia Paula, sabes que exstem plantas carnívoras? elas comem insectos...

- as girafas não são carnívoras, elas comem plantas... os leões são carnívoros, eles comem 'amimais' pequeninos , porque têm fome; as baleias comem peixinhos pequeninos, porque têm dentinhos pequeninos...

- há 'amimais' que vão deixar de existir: o panda, os jacarés e os tirossauros. depois eles transformam-se. Tia Paula, quando é que os 'amimais' vão deixar de existir?

- as pessoas sujam os jardins, os 'amimais' não sujam; as pessoas pensam, os 'amimais' não pensam, então as pessoas não deviam sujar o jardim...

Dúvida

e quando alguém te diz: "não sei o que fazer"
o que fazemos nessa altura?
abandonar?
desprezar?
humilhar?
guiar?

Dúvida

quando um homem/ uma mulher está com alguém (que quer estar) com uma notória inexperência (não por timidez), não é suposto guiar essa pessoa, conduzir... ou não?

sábado, maio 20, 2006

nos vossos sorrisos

será possível acreditar no amor
sem ver o primeiro sorriso
o primeiro choro
o primeiro passa
o primeiro abraço...?

quanta pureza no teu olhar
quanto amor escondido
quanta vida para partilhar
quantos sonhos perdidos


(escrevi no workshop Escrita Criativa, a foto inspiradora foi a de 3 lindas crianças, com os sorrisos iluminados no rosto, os olhares mais ternurentos e os cabelos rebeldes)

fugir de mim ?!

Mudar de rumo e enfrentar os fantasmas
mudar de rosto para esconder medos e perseguições
mudar o sorriso cada vez que te vejo;
é possível que encontre muitos obstáculos
daqueles que me impedem de fugir
mas hoje eu quero que seja possível vencer;
o caminho que penso percorrer
- tão longe e tão perto de ti...ou quem sabe de mim -
vejo o caminho turvo e enfrento a estrada longa;
espíritos fugidios tentam guiar-me
oara perto de mim
encontrando o caminho certo;
como uma criança faço birras, não quero,
não me apetece,
quero fugir para bem perto
do meu tempo de criança
e ter o aconchego do teu colo



(escrevi no workshop sobre Escrita Criativa, na Feira do Sorrir; as palavras a Bold eram dadas pela Orientadora)

no combóio, num dia de sol


ando no embalo
da dormência dos dias;
nada muda, transforma-se num grande vazio;
perco-me por espaços pretos
onde não vejo a cor do sol;
não quero pensar no que é...
um cansaço preenche os pensamentos
e seduz-me constantemente;
vagueio numa carruagem sem rumo
Não quero pensar
vou indo ao sabor do vento.

sexta-feira, maio 19, 2006

Eu


partilho com vocês 2 músicas que me estão a absorver hoje:

Good bye my lover (não por ter um mas, precisamente por não ter)
'Cause I saw the end before we'd begun,
My heart was blinded by you.

A gente vai continuar (palavras para quê?)
que a dependência é uma besta, que dá cabo do desejo
que a liberdade é uma maluca
que sabe quanto vale um beijo


para além da letra, a melodia&/piano - um ponto forte para o meu estado de hibernação sentimental.

Por isso: bom fim de semana, com sol ou chuva, com vento ou neve, com pôr do sol ou luar, com cinema ou pipocas no sofá da sala, com velas ou Frank Sinatra, com piano ou violino, com vinho ou champanhe, com ou sem: sejam Felizes.

A gente vai continuar - Jorge Palma


Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Goodbye my lover - James Blunt

Did I disappoint you or let you down?
Should I be feeling guilty or let the judges frown?
'Cause I saw the end before we'd begun,
Yes I saw you were blinded and I knew I had won.
So I took what's mine by eternal right.
Took your soul out into the night.
It may be over but it won't stop there,
I am here for you if you'd only care.
You touched my heart you touched my soul.
You changed my life and all my goals.
And love is blind and that I knew when,
My heart was blinded by you.
I've kissed your lips and held your head.
Shared your dreams and shared your bed.
I know you well, I know your smell.
I've been addicted to you.

I am a dreamer but when I wake,
You can't break my spirit - it's my dreams you take.
And as you move on, remember me,
Remember us and all we used to be
I've seen you cry, I've seen you smile.
I've watched you sleeping for a while.
I'd be the father of your child.
I'd spend a lifetime with you.
I know your fears and you know mine.
We've had our doubts but now we're fine,
And I love you, I swear that's true.
I cannot live without you.

And I still hold your hand in mine.
In mine when I'm asleep.
And I will bear my soul in time,
When I'm kneeling at your feet.
Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me.

I'm so hollow, baby, I'm so hollow.
I'm so, I'm so, I'm so hollow.

quarta-feira, maio 17, 2006

Z & Z


Zaida e Zoia, um tom de cores
esta é a minha Marca, está bem?

Eu... 'tou aqui

pois estou
tenho andado muito ocupada
não só aqui no serviço, como também com a Feira Sorrir que é no fim de semana (20 e 21 Maio), nos Jardins de Belém.
Um grupo de amigas da minha colega, vão estar numa tenda e Eu também com as minhas bugigangas: bijuterias e malinhas ....
A feira começa no sábado, mas eu só vou lá estar de manhã (8:00 -10:00) , em princípio. No domingo vou lá estar todo o dia (10:00 - 18:00). Não sei a localização da tenda, mas quem me conhece , conhece a minha Marca:)
Lá vos espero:)

(clicar para mais informações da Feira)

quinta-feira, maio 11, 2006

Vamos fugir Gilberto Gil


vamos fugir
deste lugar, baby
vamos fugir
estou cansado de esperar
que você me carregue

vamos fugir
para outro lugar, baby
vamos fugir
para onde quer que você vá
que você me carregue

pois diga que irá
Irajá, Irajá
para onde eu só veja você
você veja a mim só
Marajó, Marajó
qualquer outro lugar comum
outro lugar qualquer
Guaporé, Guaporé
qualquer outro lugar ao sol
outro lugar ao sul
céu azul, céu azul
onde haja só meu corpo nu
junto ao seu corpo nu

vamos fugir
para outro lugar, baby
vamos fugir
para onde haja um tobogã
onde a gente escorregue
todo dia de manhã
flores que a gente regue
uma banda de maçã
outra banda de reggae

A mulher de cada porto - Chico Buarque


ELE
quem me dera ficar meu amor, de uma vez
mas escuta o que dizem as ondas do mar
se eu me deixo amarrar por um mês
na amada de um porto
noutro porto outra amada é capaz
de outro amor amarrar, ah
minha vida, querida, não é nenhum mar de rosas
chora não, vou voltar

ELA
quem me dera amarrar meu amor quase um mês
mas escuta o que dizem as pedras do cais
se eu deixasse juntar de uma vez meus amores num porto
transbordava a baía com todas as forças navais
minha vida, querido, não é nenhum mar de rosas
volta não, segue em paz

Rumo - de Alda Lara


...

Nela [a Terra],
o mesmo sol ardente nos queimou
a mesma lua trsite nos acariciou,
e se tu és negor,
e eu sou branca,
a mesma Terra nos gerou!

70 anos

sempre muito distante,
- como a tua ausência física que está sempre presente -

há coisas porque recordamos
porque nos lembramos de algo
porque dizes coisas que ficam presentes
porque situaçoes exigem
porque tu existes

há muito que lembrar todos os dias
mas bom mesmo é recordar
as poucas gargalhadas que dás
que iluminam o teu rosto sério

pena não estares a acompanhar
os nossos passos,
nossos - das míudas - e dos teus netinhos

Parabéns neste dia. Obrigada por existires!

Pitanga

Fruto da pitangueira, que se apresenta em forma de arbusto ou de pequena árvore;
quando cultivado, tem as folhas pequenas, verde-lustrosas e aromáticas.
As flores também são pequenas e alvas e o fruto, a pitanga, apresenta-se em forma de bagas, achatadas nos dois pólos e divididas em gomos salientes.
A fruta corresponde a uma única semente, redondo-achatada, coberta por uma pele fina e uma coloração vermelho-lustrosa,
quando madura. A sua polpa é agridoce e aromárica.


gente que saudades.... hoje, por onde passo, só sinto o cheiro de pitangas madurinhas (iguais as que tiravamos de um quintal, no caminho de casa-escola-casa)

Eu

- quantos anos tens? - perguntou, entre uma lufada e o cheiro a café

- o ano, o dia, o mês,... - respondeu ela num olhar alheio - que interessa? a idade que conta é a da nossa vivência... - sorriu timidamente, um olhar triste sucumbiu-a - e então, devo ter 18 timidos e inadaptáveis anos no meu corpo de 35

Eu

" não é bom sentir saudade da vontade de chorar "

olhar no horizonte


Apesar da chuva miudinha,
o sol ilumina o dia
como que nos sorri lá no alto;
como que nos abraça forte.
A brisa leve envolve-nos
quente, num abraço suave...

como somos tão mesquinhos
egoístas;
a saudade espelhada no rosto...

quarta-feira, maio 10, 2006

Ka Re Ka


meu gajo amigo
eu sei que tudo o que temos
vai estar sempre no meu armazém mental
o depósito de imagens, de coisas privadas
que não se misturam, que são especiais

cruzamo-nos sabe-se-lá-onde
quando, porquê

a sinceridade dos sentimentos está presente
e assim estará

como é bom abraçar a tua ternura

a vida é feita de coisas simples
como o carinho que trago no coração
por ti, por nós
obrigada meu gajo amigo

terça-feira, maio 02, 2006

Siddartha de Hermann Hesse (2)


... uma outra coisa morrera dentro de si, algo que há muito que ansiava por morrer.
não seria aquilo que, nos seus arrebatados anos de penitência, quisera matar? não seria o seu Eu pequeno, inquieto e orgulhoso, contra o qual lutara tantos anos mas que sempre o derrotara, que regressava depois de cada morte, impedindo-lhe a alegria e causando-lhe medo?
antes de mais, aprendeu a escutar, a ouvir com o coração sereno, com a alma receptiva e aberta, sem paixão, sem desejos, sem julgar, sem formular opiniões.
quando alguém procura pode acontecer que os seus olhos vejam apenas a coisa que ele procura, que não permitam que ele a encontre porque ele pensa sempre e apenas naquilo que procura, porque ele tem um objectivo, porque está possuído por esse objectivo.

procurar significa ter um objectivo. mas, encontrar significa ser livre, manter-se aberto, não ter objectivos.
podemos partilhar conhecimento, mas não a sabedoria.
para cada verdade, o contrário é igualmente verdade.
uma verdade apenas se deixa exprimir e envolver em palavras quando é parcial.
tudo o que pode ser pensado com o pensamento ou dito com palavras é parcial, tudo é metade, a tudo falta totalidade, integralidade, unidade.
... era obrigado a dividi-lo em ilusão e verdade, em sofrimento e libertação.
“o tempo não existe, Govinda, vi-o inúmeras vezes.”
e se o tempo não existe, também não existe a aparente diferença entre mundo e eternidade, entre sofrimento e bem-aventurança, entre o mal e o bem, é também uma ilusão.
mas não posso amar palavras. é por isso que não aprecio doutrinas, não têm dureza ou moleza, não têm cores, não têm arestas, não têm cheiro, não têm gosto, não têm senão palavras.

talvez seja isto que te impede de encontrares a paz, talvez sejam as palavras em excesso.
“olhou satisfeito para o rio, nunca a água lhe agradara tanto como esta, nunca compreendera tão clara e profunda mente a voz e o significado alegórico da água que corre. parecia-lhe que o rio tinha algo especial para lhe dizer, algo que ele ainda não sabia, que ainda o aguardava.”

Siddhartha de Hermann Hesse (1)

... podemos mendigar amor, comprá-lo, recebê-lo de oferta, encontrá-lo na rua, mas nunca roubá-lo.
...quando atiras uma pedra à água, ela procura o caminho mais rápido para o fundo.

escrever é bom, pensar é melhor.
inteligência é bom, paciência é melhor

a fonte corria noutro lugar, tão longe dele, corria invisível, não tinha já nada a ver com a sua vida.
“... no fundo de ti há uma serenidade e um refúgio a que tu recorres sempre e onde podes ser tu mesma. poucas pessoas o têm e, no entanto, todos o podiam ter.
a maior parte das pessoas, Kamala, são como uma folha que cai, que flutua ao vento, que hesita e que cai no chão. mas há outros, poucos, que são como estrelas, que seguem um rumo firme, nenhum vento os afecta, têm dentro de si as suas leis e o seu rumo.”
semelhante a um véu, a um nevoeiro fino, o cansaço caiu sobre Siddartha, devagar, cada dia um pouco mais espesso, cada mês um pouco mais opaco, cada ano um pouco mais pesado.
O mundo das formas é efémero, as nossas vestes são efémeras, muito efémeras, assim como o aspecto do nosso cabelo, até mesmo o cabelo e o nosso corpo.

Ítalo Calvino


«Se numa noite de Inverno um viajante»


«... cemitério das horas passadas jacentes exangues no seu panteão circular.
... eu não vejo cada minuto cair-me em cima de repente como a lâmina de uma guilhotina?
não vale a pena atormentar-me na ânsia de fazer andar para trás os relógios e os calendários na esperança de voltar ao momento anterior àquele em que aconteceu alguma coisa que não devia acontecer.
sou uma pessoa que de modo nenhum dá nas vistas, uma presença anónima num fundo ainda mais anónimo... um viajante que perdeu uma ligação.
... que me abrem o coração a esperança de alívio imediato...
só se tem uma sensação de isolamento durante o trajecto de um lugar para outro, isto é quando não se está em lugar nenhum
.
...intenção oculta, que ainda não estás em condições de captar.
a coisa que eu mais desejaria neste mundo é fazer andar para trás os relógios.
a paixão que te domina é a impaciência de apagares os efeitos perturbadores dessa arbitrariedade ou distracção, de restabeleceres o curso regular dos acontecimentos.
Passas uma noite agitada, o sono é um fluxo intermitente e entupido, ..., com sonhos que mais parecem a repetição de um sonho sempre igual. Lutas com sonhos tal como com a vida sem sentido nem forma, procurando um desígnio, um percurso que apesar de tudo tem de existir, ...
“és tu que saltas menos por cada ano que passa.”
... âncora, uma exortação para me fixar, para me agarrar, para fundear, pondo fim ao meu estado flutuante, ao meu boiar à superfície.
A procura da âncora em que me empenhei parece apontar-me o caminho de uma evasão, talvez de uma metamorfose, de uma ressurreição.
o passado é como uma bicha solitária cada vez mais comprida e que trago enrolada dentro de mim e que nunca perde os anéis por mais que eu me esforce por esvaziar as tripas em todas as retretes...
o passado não pode mudar tal como não se pode mudar de nome...
...quando oiço tocar um telefone .... – não basta dizer que a minha é uma reacção de rejeição, de fuga a este apelo agressivo e ameaçador, mas também de urgência, de insustentabilidade, de coerção que me leva a obedecer à ordem daquele som acorrendo a atender, mesmo na certeza de que só me dará sofrimento e mal-estar.
A leitura é Solidão
.
... os vossos respectivos Eus em vez de se anularem têm de ocupar sem resíduos todo o vácuo do espaço mental, de investir em si mesmo com os maiores lucros possíveis ou de se consumir até ao último centavo.
Mas o fim será mesmo o clímax?
a única verdade que posso escrever é a do instante que vivo.
... escrever é sempre esconder alguma coisa
para que seja depois descoberta...
renunciar às coisas é menos difícil do que se pensa : tudo está no começar.

o que é o Desejo ?!


«na cama o desejo chama-se Líbido
e na cozinha Fome.
a Líbido e a Fome têm um aliado comum:
a IMAGINAÇÂO»

a douçura



está no olhar,
sincero, humilde, ternurento;
encontra-se nos gestos suaves,
no sentir profundo,

... no amor

a minha maninha escreve: la douceur

segunda-feira, maio 01, 2006

Maio

de Maria,
de Mundo,
de Mar,
de Mais Alegria

Maio de Primavera
de Flores, de Sol
de Vida, de Sorrisos

Maio de Ternura
de Cor, de Amor

Maio, a Cor da Alegria
no mês de Maria