sexta-feira, agosto 26, 2005

....


«a normalidade é uma convenção imposta»

quinta-feira, agosto 25, 2005

...

e não chove...
a garganta seca, sufoca um grito
não há mais nada, só o vento quente


...

lutar por algo que
não se sabe se existe
é no mínimo estúpido

quarta-feira, agosto 24, 2005

no escuro...

«A imagem deve dar luz por ela própria, os corpos têm a sua própria luz que gastam na vida. ardem, não são iluminados.» Egon Schiele
«A noite é uma especiaria que acende os corpos.»...«...o teu corpo se dispara, e então eu sou a paisagem posta a um canto para entrar na música.»
«a solidão é um serviço misterioso» Vasco Gato

terça-feira, agosto 23, 2005

Angola (3)

Por do sol no rio Onzo (Angola)

Angola,
mãe negra que deu guarida à vários povos
caminhando a procura de novos horizontes.
Mãe que abraça o alegre sol em cada instante
que abriga sonhos, crenças, vidas
que se deixa banhar pelo Oceano Atlântico
que faz erguer vozes ao som dos batuques
das marimbas, kissanjes ....

Mãe, que saudades
nunca vi por do sol tão lindo quanto o teu!

Angola (2)

Kwanza-Sul (Angola)

«olhou satisfeito para o rio,
nunca a água lhe agradara tanto como esta,
nunca compreendera tão clara e profundamente
a voz e o significado alegórico da água que corre. Parecia-lhe que o rio tinha algo especial para lhe dizer, algo que ele ainda não sabia, que ainda o aguardava.»

(Hermann Hesse "Siddhartha")


(esta foto foi tirada por uma amiga de Luanda)

Angola (1)


Quedas do Binga- Kwanza-Sul (Angola)

Esta foto foi-me enviada por uma amiga de Luanda.
Foi tirada este ano numa das suas viagens por Angola.
Ainda duvidam da beleza do meu País hein??? ;)

Nem a guerra consegue destruir o que de belo existe: a Natureza.

Soltos (1)


um grupo de amigos numa esplanada ao entardecer
gargalhadas e conversas atoa
o calor do amigo que os une
lembranças antigas
memórias dispersas ao vento
tudo isso e muito mais
num fim de tarde aconchegante

segunda-feira, agosto 22, 2005

A noiva Judia

de Pedro Paixão, novelista português (1956). são pequenas histórias cheias de sentimentos de incomunicabilidade e de isolamento
«Deixou só uma rosa que depressa feneceu. Mais não recordo para além de certo movimento desastrado dos corpos e uma estranha secura na boca. E se mais houvesse não bastaria. A satisfação abre também as suas portas sobre nada. Ficamos quietos e não sabemos. Comemo-nos na boca e no peito. E por detrás de tudo isso há um fundo que é uma paisagem gelada.»

«Já reparou certamente que comigo não s evai a sítio algum. Nem de passear gosto. Continuo imóvel diante da janela do quarto de minha mãe. E o meu inverno chega-me.
Se eu te esperasse não te encontrava.»

«Tinha a cara húmida e os olhos desbotados. O seu corpo estava quente como uma botija em lençóis frios. Deitada sobre os seus joelhos, o seu corpo enroscado cabia todo.»

Eu sou como um virus....

«"Você" está longe durante anos e anos, afastado por mares e oceanos; é só o espírito; uma breve nota numa melodia; sem imagem, mas brilhando; qualquer coisa que se transforma num doce suspiro; como o barulho de folhas ou o rebentar das ondas; vem a mim num murmúrio só escutado pela alma; é a minha imaginação...»
«Não há instantes: tudo é um tempo de horas sem números»
«Eu sou como um vírus: preciso de outra alma para sobreviver.»

«Talvez haja um tempo e um lugar para nós».

(Pedro Paixão em "A noiva judia")

Se...

«Se eu própria me bastasse fugiria para sempre» (Pedro Paixão em "A noiva judia"

quinta-feira, agosto 18, 2005

O Jogador

de Fiódor Dostoiévski, escritor russo (1821 - 1881)
passado na Alemanha. Aleksei Ivanovitche é um jovem com uma paixão compulsiva pelo jogo (Casinos), com um forte sentido crítico em relação ao mundo, uma paixão (amor 'estranho') por Polina. «... quando falo consigo apetece-me exprimir tudo, .... perco toda a forma. Até estou de acordo em que não tenho forma, e não só, que não tenho quaisquer qualidades.»...«tudo se paralisou dentro de mim»...«...como não tenho esperança nenhuma e sou um zero aos seus olhos....» «Sabe que um dia hei-de matá-la?» «Tenho muitas vezes o impulso insuperável de lhe bater, de a mutilar, de a estrangular...»
Um jovem carente de objectivos...
«Forjei a minha perdição! Aliás, quase não existem termos de comparação, e também não vale a pena pregar sermões a mim mesmo!»
«Amanhã posso renascer dos mortos e começar a viver de novo! Posso ressuscitar o homem em mim, enquanto não se perder completamente!»

quarta-feira, agosto 17, 2005

Joana - 3 anos

Pois é, a minha sobrinha faz hoje 3 anos.
Três anos....
o nascimento é daqueles momentos sublimes carregados de fortes emoções, de esperança, que a partir daquele momento tudo vai ser diferente
- e quando se fala em mudança pensa-se sempre que é para melhor, não é? -
Abraçamos a novo ser com receio de o magoar fisicamente mas queremos sentir o seu cheiro , a sua presença, porque precisamos daquela pureza, daquele amor e porque queremos que aquele ser saiba que o amamos com todo o nosso coração.
Parece-nos tão frágil mas dá-nos tanta força, tanta fé, tanta esperança, tanto conforto, tanta vida....
o tentar abrir os olhinhos, o sorrir; os dedinhos tão pequeninos naquelas mãos'kininas ... hum o cheirinho.... quando ficámos horas vê-los dormirem, a sorrirem nos sonhos...
«Isso tudo, minha gente, é amor!»

terça-feira, agosto 16, 2005

A varanda do Frangipani

É um romance de Mia Couto, que se passa no período inicial de recuperação da guerra em Moçambique.
Um 'fantasma' - xipoco - que entra no corpo de um polícia, Izidine Naita e vai para a Fortaleza de S. Nicolau (agora um asilo) desvendar o assassinato do responsável pelo asilo, onde toda a acção se desenrola, e busca o verdadeiro culpado.
«O culpado que você procura, caro Izidine, não é uma pessoa. É a guerra. Todas as culpas são da guerra

É um livro de fácil leitura e cheio de surpresas literárias :) típico de Mia Couto:

«o silêncio é que fabrica as janelas por onde o mundo se transparenta. »
«Quem é gota sempre pinga, quem é caçimbo se evapora...»
«...a tristeza tem artes de fazer música.» - o Jazz, por exemplo...
«quem confunde céu e água acaba por não distinguir Vida e Morte.»
«A velhice que é senão a morte estagiando em nosso corpo?»
«Ninguém obedece senão em fingimento.»
«Nós, mulheres, estamos sempre sob a sombra da lâmina : impedidas de viver enquanto novas; acusadas de não morrer quando já velhas.»
«A água não tem passado. Para o rio tudo é hoje, onda de passar sem nunca ter passado.»
«Em quem podes bater sem nunca magoar? - na água!.... se pode bater sem causar ferida.»
«Nós nada descobrimos. As coisas, sim, se revelam....»
«Pela lágrima nos despimos. O pranto desocupa a nossa mais intima nudez.»
«Aqui é onde a terra se despe e o tempo se deita».

Já não são as colheitas, as fomes, as inundações. A guerra instala o ciclo do sangue.
Passamos a dizer: antes da guerra...depois da guerra.
A guerra engole os mortos e devora os sobreviventes.


sexta-feira, agosto 12, 2005

Arco-Iris





Os intelectuais...


Segundo Noam Chomsky!

"O Caminho de San Giovanni"

Terminei de ler - mais uma vez - este livro de Italo Calvino...
fala do antes e pós II War, a vida de uma família, o Pai anarquista kropotkiniano e depois socialista reformista e Mãe socialista intervencionista mas com fé pacifista; ele faz uma crítica ao facismo, além de dirigida à violência e à suspensão da liberdade crítica e à agressividade na política externa; definiu-se anarquista...mas optou pelo comunismo nãopor opções ideológicas, mas porque os comunistas era a força mais activa e organizada e, na altura o que contava eram as acções...
fala do cinema da época e como o cinema servia para satisfazer uma «necessidade de desenraizamento», de evasão... Fala de Frank Capra, Gregory Borzage como realizadores da época, dos filmes de Fred Astaire & Ginger Rogers - que continuam a ser uns musicais dignos de serem vistos e apreciados - os policiais de Charlie Chan - quem não viu?? :) - de Spencer Tracy, de Fellini...
«estas recordações fazem parte de um armazém mental muito meu onde não contam os documentos escritos mas só o casual depositar das imagens ao longo dos dias e dos anos, um armazém de sensações privadas que nunca quis misturar com os armazéns da memória colectiva»
fala da batalha, a lembrança de uma batalha, «quando muito deveria levantar algumas das grandes pedras que fazem de margem entre o presente e o passado, descobrir as pequenas cavernas atrás da fronte onde se colocam emboscadas as coisas esquecidas»...
compara a vida de um ser humano com uma Poubelle (caixote lixo) « a expulsão dos restos do dia coincidia com o terminar do próprio dia, e que adormecemos depois de termos afastado de nós as possíveis fontes de maus cheiros... não só por um natural escrúpulo de higiene mas para que amanhã ao acordarmos se possa iniciar um novo dia já sem termos de manifestar aquilo de que na véspera nos separámos para sempre»...

«...e é só de noite que os sons acham os seus lugares na escuridão, medem as suas distâncias, o silêncio que trazem à sua volta descreve o espaço...»




Uma boa sugestão de leitura, diria o Prof. MRS:)

quinta-feira, agosto 11, 2005

Olhando a Primavera


"Em cada um de nós há um segredo,
uma paisagem intensa,
com vales de silêncio
e paraisos secretos"

Amigo(a)


A minha amizade por ti
não tem barreiras, nem cor,
nem cheiro, sabor

A minha amizade por ti
é leve como o voo de um pássaro
que vai longe,
muito para além dos limites
(impostos por leis, pelos homens)

É simples sem disfarce,
é estar perto de ti mesmo longe,
é falar sem palavras
num olhar de ternura
e num abraço no silêncio

A minha amizade
não tem fronteiras
não tem hora, nem dia para chegar
não está na agenda

está no meu coração.

(26Abril2005)

Silêncio


Silêncio é o que sinto todo o dia
mesmo quando todos à volta
cruzam-se, olham-se

sinto o silêncio
do meu olhar
do meu abraço
do meu sorriso
da minha voz
do meu calor
do meu... silêncio.







(01/03/2005)