quarta-feira, março 26, 2008

Lombinho no forno

Lombinho de Porco
Alho
Laranja
Azeite
Vinho Branco
Sal
Salsa
Cebola
Batatinhas
Dá-se um golpe ao longo do lombinho, ouvindo/cantando "Perfect" (de Fairground Attraction):
I don't want to have half-hearted love affairs
I need someone who really cares
Life is too short to play silly games
I've promised myself I won't do that again
corta-se o alho aos pedacinhos e espalha-se na ranhura feita. Espreme-se a laranja e deita-se o sumo por cima do lombo, espalham-se rodelas de cebola.
Young hearts are foolish, they make such mistakes
They're much too eager to give their love away
Well, I have been foolish too many times
Now I'm determined I'm gonna get it right
Cortam-se as batatinhas ao meio e espalham-se pelo tabuleiro ao redor do lombinho.
Rega-se tudo com azeite e o vinho. Espalha-se a salsa picadinha. Tempera-se com sal.
It's got to be, yeah, perfect
E leva-se ao forno.
Entretanto terminada a música, decidimos escolher outra fonte de inspiração. “Fico assim sem você “ (de Adriana Calcanhoto)
Porque é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim...
Enquanto se caminha dançando pela casa espalhando velas acesas, iluminando corredor, hall, sala...

Tô louco pra te ver chegar
Tô louco pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração...

Terminada a tarefa, chega a hora do duche fresco caprichoso. Está tudo prontinho, tudo a seu tempo.

turn the clock to zero & started up a brand new day

O seu olhar percorreu o horizonte como um risco de sucessivos pontos indecifráveis, notas que deambulam e teimam em piscar e brilhar sobre o mar luzidio. Vagueia o olhar por entre as ondas calmas hoje, neste dia de Primavera.
Na mão, o envelope queimava a pele, palavras irrefutáveis como chamas claras no toque dos seus dedos; o timbre em azul com o nome da clínica naquela folha de papel, a zombar com uma apologia de labaredas.

Inicialmente a apatia tinha tomado conta dela numa dilação silenciosa do que fazer daqui para frente. Depois uma confusão de vozes numa vacuidade de decisões e de repente vê-se a olhar para o mar. O vento traga as diversas opiniões extorquindo-lhe os pensamentos, os segredos, os medos, os desejos; e num ósculo cálido sussurra-lhe idênticas situações ocorridas e a força e coragem com que foram combatidas.

Sentiu-se rasgar aquela folha de papel que a marcava para sempre. Pedaços restaram daquele vulcão e as labaredas iam sendo levadas pelo vento, tão devagar como uma toda história de uma vida.

Aqui jaz um dia que foi diferente pelo atónico resultado daquele exame adiado há alguns meses.

Que pretensão, a do vento em tentar ler as frases inacabadas pelo rasgar calmo de umas mãos cansadas e magoadas. Que pretensão a do vento em tentar decifrar o sorriso ténue e as lágrimas devastadas que caiam em seu rosto.
O seu olhar percorreu o horizonte e entregou o seu destino à natureza.

sábado, março 15, 2008

às vezes o amor

Que hei-de eu fazer
Eu tão nova e desamparada
Quando o amor
Me entra de repente
P´la porta da frente
E fica a porta escancarada

Vou-te dizer
A luz começou em frestas
Se fores a ver
Enquanto assim durares
Se fores amada e amares
Dirás sempre palavras destas

P´ra te ter
P´ra que de mim não te zangues
Eu vou-te dar
A pele, o meu cetim
Coração carmesim
As carnes e com elas sangues

Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
é cego e surdo e mudo

E o dia tão diário disso tudo

E se um dia a razão
Fria e negra do destino
Deitar mão
À porta, à luz aberta
Que te deixe liberta
E do pássaro se ouça o trino

Por te querer
Vou abrir em mim dois espaços
P´ra te dar
Enredo ao folhetim
A flor ao teu jardim
As pernas e com elas braços

Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
É cego e surdo e mudo

E o dia tão diário disso tudo

Mas se tudo tem fim
Porquê dar a um amor guarida
Mesmo assim
Dá princípio ao começo
Se morreres só te peço
Da morte volta sempre em vida

Às vezes o amor
No calendário, noutro mês é dor,
É cego e surdo e mudo

E o dia tão diário disso tudo
Da morte volta sempre em vida

(Sérgio Godinho)

sexta-feira, março 14, 2008

it's too much heavy

Sentia-se abatida, fatigada com os últimos acontecimentos no trabalho e os novos projectos, muitas pessoas envolvidas dá sempre um turbilhão de contradições e discussões, tempo perdido para se encontrar uma solução, por vezes tão simples e à mão de semear – como se diz.
E como é que um amigo do coração pode pôr em causa uma Amizade de anos? De lutas juntos, de momentos de riso, de lágrimas, de conversa fiada, de troca de opiniões, de incompatibilidade de opiniões que também enriquecem as relações. Como pode um amigo do coração cortar tudo o que se construiu, se investiu com carinho, com alma, com o coração? E porquê? Independentemente da origem e do que se passou, e principalmente por ter havido erros de ambos, não se justifica o corte “uma pausa para reflectir e pode ser que um dia possa olhar para os teus olhos sem mágoa”. Aquelas palavras batiam-lhe como rochas pontiagudas cravadas com guizos. Uma relação que cresceu devagar , passo a passo, fortificando dia após dia, pelo menos era o que ela achava ela até hoje. Irmãos, era assim que se viam, irmãos. Duarte é o irmão que não tinha, o confidente. Ela era a sua confidente, o seu pilar, o seu travão dos desvarios dele, o ombro, os lenços que limpavam as lágrimas, a voz que alertava, os olhos que o olhavam com ternura e compreensão, o coração que o amava incondicionalmente.
Teodora sempre respeitou as decisões dos amigos, o espaço dos amigos. Por ser fiel ao que acredita caiu no erro de não aparentemente ver o ‘obvio’ que Duarte reclama agora. Não entende, como pode Duarte não a conhecer ao fim desses anos todos? Como pode pensar que a dor da perda que ele teve foi insignificante para ela? Como???
Sentia-se destroçada, os ombros pesavam-lhe, no peito uma dor, e no rosto lágrimas infelizes.
Deu por si ainda à entrada de casa, de casaco, mala, chave na mão. O hall escuro a espera de acordar. “Como podes pensar isso de mim?”, Um soluço fê-la estremecer do pesadelo em que se encontra. Ou é do telemóvel que vibra na mala? “Será?”, pela primeira vez ficou triste ao ver o nome de Gabriel no pequeno ecran. Esperava ver outro, o do mais que irmão, o do amigo de coração.
- estou - a voz sumia, denotava cansado e infelicidade, claro que não passou despercebido a Gabriel, que conhecendo-a evitou a frase “estás bem?” sabia que a resposta seria “sim”. Em vez disso:
- a minha Princesa pode estar pronta em 30 minutos? É uma surpresa. - “ok, pensa rápido Gabriel, o que vais inventar esta noite em tão pouco tempo?!?!?!?”
Silêncio.
- hum? (pensa, pensa) Dá tempo para a minha doce Princesa ficar pronta ou devo acrescentar um desvio ponderável de uns 10 minutos?
- dá tempo sim, estarei pronta ... Que devo vestir?
- por mim...nada, mas lá terá que ser não quero que passemos a noite na prisão por atentado ao pudor. Algo prático, a noite está quentinha. Beijo meu amor, até já.


A vista era lindíssima, a cidade à noite dorme numa paz serena, o cheiro da noite acalenta a voz do coração.
Estavam no miradouro a ver a cidade que se confundia com a imensidão do mar, as estrelas e a brisa quente. Era o que precisava: a cidade, o mar e Gabriel. Sentia-se segura, em paz.


O coração está a sangrar mas a razão diz-lhe que não, que não desista , não se humilhar porque erros todos cometemos, mas numa relação são precisos dois.

quarta-feira, março 12, 2008

Egocentrismo Vs Egoísmo

Egocentrismo - do Lat. ego, eu + centro - tendência pessoal exagerada em considerar tudo sob o próprio ponto de vista e em fazer de si próprio o centro do universo;
Egoísmo - do Lat. ego, eu - amor próprio excessivo, que leva o indivíduo a olhar unicamente para os seus interesses em detrimento dos alheios; conjunto de propensões ou instintos que levam à conservação do indivíduo

A única diferença entre os dois Ego’s é o egocentrista fazer de si mesmo o centro do universo e o egoísta tem amor próprio excessivo.... mas, isso não é quase o mesmo, por outras palavras?! O resultado é o mesmo: Eu = sim, os outros = depende do que irei ter em troca, do que melhor me convir.
Todos devemos ter uma dose (q.b.) de egoísmo. Pensar em nós memos, mimarmo-nos, amarmo-nos, cuidar de nós especiais que somos. Porque só assim os outros irão gostar de nós, ver-nos, olhar para nós com outros olhos (os do coração). Mas quando os dois Ego’s se juntam, não há pessoa paciente, não há alma caridosa, não há generosidade que chegue para aguentar.
A minha paciência??? Está no limite. “Falta-me um bocadinho assim...”
Estou cansada de birras. - Mas entristece-me.

sábado, março 01, 2008

o verdadeiro Portunhol

Me quedei mirando te
tus ojos castaños
tu piele morena
en tu cariño de mañana
quando el sol te calienta

En la primera vez
el mundo paro
como se fuera tu y yo
en la rueda de la cancion
solo para ti
solo para mi

?Pero dime mi caro
quien és tu
que hay entrado em mi vida
como fuego
en mi corazón?

Eres el sonido del mar
o eres la cancion de vivir

Quiseras la luz
que me besa todo el dia
quando la noche
no pueda en ti morar ...

(1995)