quinta-feira, maio 31, 2007

Até amanhã...

Apertou-a contra o peito, queria senti-la perto como se fosse o seu próprio cheiro, a sua própria pele; era tarde, não se ouvia nada cá dentro e lá fora o silencio também imperava. Era como se não existisse lá fora nem cá dentro, naquele momento. Será que os corações batiam forte? Tinha a impressão de que sim mas não o sentia, ou confundia-se com o desejo de querer senti-la tão dentro, tão ele ?!
- tenho de ir ! – sussurrou-lhe interrompendo o silêncio.
- eu sei! – suspirou profundamente e suavizou-a – Eu sei! – repetiu como para se convencer de que teria de ser assim. Soltando-a repetiu mais uma vez “eu sei” , a certeza da 3ª vez , de que a realidade era aquela: ela tinha de ir.
Por vezes deixamo-nos acomodar com o que achamos / sentimos / queremos ser o melhor / o bom / o certo, mas no decorrer das mutações constantes da vida, deparamo-nos com situações que ou não estão ao nosso alcance e não temos outra opção senão deixar ir, ou tornam-se decisões que temos mesmo que tomar e aí o tic tac do tempo diz-nos “é hora, não podes demorar / hesitar”. Deixa-la ir, era o certo e o mesmo tempo pesaroso. Era o lógico e o ilógico. Era o necessário e ao mesmo tempo o impensável.
“ Eu sei” disse pela primeira vez o coração, que sensato e ao mesmo tempo traiçoeiro, batia forte querendo sair do peito, abraça-la e ao mesmo tempo solta-la.

“Até amanhã”
(12Maio2007)

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