terça-feira, maio 08, 2007

na suavidade do início da noite...


A vela derretia o sabor amargo do dia desastroso, abrupta e silenciosa a chama devorava a sala. Ela olhava inerte para o vazio que vem do fogo demolidor. Um banho para engolir aquele dia sem deixar rasto? Sim, vai saber bem. Retirar todo e qualquer vestígio do dia que está a terminar…não, melhor dizer: que terminou assim que entrou em casa – que tal? Suspiro concordante. Assim sim, já gosto mais. Vamos lá sentir a água morna, o cheiro a rosas, um relaxe merecido.
Decide-se por Tchaikovsky “Quebra-nozes”, e a magia da música espalhou-se pela casa, em cada canto um violino, em cada vazio um piano. Acendeu as velas na borda da banheira, deixou-se levar pela melodia no ar.
A cada compasso, um plié um grand-jeté, port-de-brás, suavemente a ternura da água enrolava o corpo vencido pelo prazer da espuma. Os ponteiros do relógio devem ter girado num pormenad de 12 lindas guirlandas de flores rodando pelo palco iluminado do Reino Encantado.
Ao longe ouviam-se “palmas? são palmas?”…
- Sou eu, já estás em casa? … - sentiu o sorriso do coração alargar-se – é para deixar um beijo. Vou sair agora, tenho uma pequena surpresa para ti …. Até já! – clic, a voz rouca sumiu-se pela sala e as palmas cessaram. O som do violino invadiu o silêncio momentâneo e sentiu-se leve. Sorriu. Soprou a espuma em sabor de gotas de orvalho. Sorriu.

- uma orquídea para a minha Princesa! A delicadeza, a perfeição… Tu!