sexta-feira, março 14, 2008

it's too much heavy

Sentia-se abatida, fatigada com os últimos acontecimentos no trabalho e os novos projectos, muitas pessoas envolvidas dá sempre um turbilhão de contradições e discussões, tempo perdido para se encontrar uma solução, por vezes tão simples e à mão de semear – como se diz.
E como é que um amigo do coração pode pôr em causa uma Amizade de anos? De lutas juntos, de momentos de riso, de lágrimas, de conversa fiada, de troca de opiniões, de incompatibilidade de opiniões que também enriquecem as relações. Como pode um amigo do coração cortar tudo o que se construiu, se investiu com carinho, com alma, com o coração? E porquê? Independentemente da origem e do que se passou, e principalmente por ter havido erros de ambos, não se justifica o corte “uma pausa para reflectir e pode ser que um dia possa olhar para os teus olhos sem mágoa”. Aquelas palavras batiam-lhe como rochas pontiagudas cravadas com guizos. Uma relação que cresceu devagar , passo a passo, fortificando dia após dia, pelo menos era o que ela achava ela até hoje. Irmãos, era assim que se viam, irmãos. Duarte é o irmão que não tinha, o confidente. Ela era a sua confidente, o seu pilar, o seu travão dos desvarios dele, o ombro, os lenços que limpavam as lágrimas, a voz que alertava, os olhos que o olhavam com ternura e compreensão, o coração que o amava incondicionalmente.
Teodora sempre respeitou as decisões dos amigos, o espaço dos amigos. Por ser fiel ao que acredita caiu no erro de não aparentemente ver o ‘obvio’ que Duarte reclama agora. Não entende, como pode Duarte não a conhecer ao fim desses anos todos? Como pode pensar que a dor da perda que ele teve foi insignificante para ela? Como???
Sentia-se destroçada, os ombros pesavam-lhe, no peito uma dor, e no rosto lágrimas infelizes.
Deu por si ainda à entrada de casa, de casaco, mala, chave na mão. O hall escuro a espera de acordar. “Como podes pensar isso de mim?”, Um soluço fê-la estremecer do pesadelo em que se encontra. Ou é do telemóvel que vibra na mala? “Será?”, pela primeira vez ficou triste ao ver o nome de Gabriel no pequeno ecran. Esperava ver outro, o do mais que irmão, o do amigo de coração.
- estou - a voz sumia, denotava cansado e infelicidade, claro que não passou despercebido a Gabriel, que conhecendo-a evitou a frase “estás bem?” sabia que a resposta seria “sim”. Em vez disso:
- a minha Princesa pode estar pronta em 30 minutos? É uma surpresa. - “ok, pensa rápido Gabriel, o que vais inventar esta noite em tão pouco tempo?!?!?!?”
Silêncio.
- hum? (pensa, pensa) Dá tempo para a minha doce Princesa ficar pronta ou devo acrescentar um desvio ponderável de uns 10 minutos?
- dá tempo sim, estarei pronta ... Que devo vestir?
- por mim...nada, mas lá terá que ser não quero que passemos a noite na prisão por atentado ao pudor. Algo prático, a noite está quentinha. Beijo meu amor, até já.


A vista era lindíssima, a cidade à noite dorme numa paz serena, o cheiro da noite acalenta a voz do coração.
Estavam no miradouro a ver a cidade que se confundia com a imensidão do mar, as estrelas e a brisa quente. Era o que precisava: a cidade, o mar e Gabriel. Sentia-se segura, em paz.


O coração está a sangrar mas a razão diz-lhe que não, que não desista , não se humilhar porque erros todos cometemos, mas numa relação são precisos dois.

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