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Um 'fantasma' - xipoco - que entra no corpo de um polícia, Izidine Naita e vai para a Fortaleza de S. Nicolau (agora um asilo) desvendar o assassinato do responsável pelo asilo, onde toda a acção se desenrola, e busca o verdadeiro culpado.
«O culpado que você procura, caro Izidine, não é uma pessoa. É a guerra. Todas as culpas são da guerra.»
É um livro de fácil leitura e cheio de surpresas literárias :) típico de Mia Couto:
«o silêncio é que fabrica as janelas por onde o mundo se transparenta. »
«Quem é gota sempre pinga, quem é caçimbo se evapora...»
«...a tristeza tem artes de fazer música.» - o Jazz, por exemplo...
«quem confunde céu e água acaba por não distinguir Vida e Morte.»
«A velhice que é senão a morte estagiando em nosso corpo?»
«Ninguém obedece senão em fingimento.»
«Nós, mulheres, estamos sempre sob a sombra da lâmina : impedidas de viver enquanto novas; acusadas de não morrer quando já velhas.»
«A água não tem passado. Para o rio tudo é hoje, onda de passar sem nunca ter passado.»
«Em quem podes bater sem nunca magoar? - na água!.... se pode bater sem causar ferida.»
«Nós nada descobrimos. As coisas, sim, se revelam....»
«Pela lágrima nos despimos. O pranto desocupa a nossa mais intima nudez.»
«Aqui é onde a terra se despe e o tempo se deita».
Já não são as colheitas, as fomes, as inundações. A guerra instala o ciclo do sangue.
Passamos a dizer: antes da guerra...depois da guerra.
A guerra engole os mortos e devora os sobreviventes.
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