... uma outra coisa morrera dentro de si, algo que há muito que ansiava por morrer.
não seria aquilo que, nos seus arrebatados anos de penitência, quisera matar? não seria o seu Eu pequeno, inquieto e orgulhoso, contra o qual lutara tantos anos mas que sempre o derrotara, que regressava depois de cada morte, impedindo-lhe a alegria e causando-lhe medo?
antes de mais, aprendeu a escutar, a ouvir com o coração sereno, com a alma receptiva e aberta, sem paixão, sem desejos, sem julgar, sem formular opiniões.
quando alguém procura pode acontecer que os seus olhos vejam apenas a coisa que ele procura, que não permitam que ele a encontre porque ele pensa sempre e apenas naquilo que procura, porque ele tem um objectivo, porque está possuído por esse objectivo.
procurar significa ter um objectivo. mas, encontrar significa ser livre, manter-se aberto, não ter objectivos.
podemos partilhar conhecimento, mas não a sabedoria.
para cada verdade, o contrário é igualmente verdade.
uma verdade apenas se deixa exprimir e envolver em palavras quando é parcial.
tudo o que pode ser pensado com o pensamento ou dito com palavras é parcial, tudo é metade, a tudo falta totalidade, integralidade, unidade.
... era obrigado a dividi-lo em ilusão e verdade, em sofrimento e libertação.
“o tempo não existe, Govinda, vi-o inúmeras vezes.”
e se o tempo não existe, também não existe a aparente diferença entre mundo e eternidade, entre sofrimento e bem-aventurança, entre o mal e o bem, é também uma ilusão.
mas não posso amar palavras. é por isso que não aprecio doutrinas, não têm dureza ou moleza, não têm cores, não têm arestas, não têm cheiro, não têm gosto, não têm senão palavras.
talvez seja isto que te impede de encontrares a paz, talvez sejam as palavras em excesso.
“olhou satisfeito para o rio, nunca a água lhe agradara tanto como esta, nunca compreendera tão clara e profunda mente a voz e o significado alegórico da água que corre. parecia-lhe que o rio tinha algo especial para lhe dizer, algo que ele ainda não sabia, que ainda o aguardava.”
terça-feira, maio 02, 2006
Siddartha de Hermann Hesse (2)
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5 comentários:
Paula
Obrigada por te teres lembrado que o meu pequeno blog existe.
Só hoje vi que no passado dia 26 fizes-te vários comentários aos meus postes, mas ouve um deles mais própriamente o das Lichias em que falas de três frutas que eu desconheço e são elas; múcua, maboque e maça da India, quase que me atrevia a dizer que são frutas existentes em Moçambique, mas como desconheço as tuas origens e até mesmo a tua própia pessoa, pergunto será que acertei ???
Beijinhos
Bom fim de semana
e... vai passando que eu também, vou passar a vir cá mais vezes
Existentes em Angola:), sou de Luanda, estou em Portugal desde 24 Dezembro 1997.
e tenho imensas saudades das frutas de lá, sabores únicos.
beijinhos
Mas concerteza que cá também deves encontrar tais frutos, ou não ?
Beijinhos
Não! infelizmente..... mesmo os que encontro cá , como a manga, a goiaba, a banana, não têm o mesmo sabor...
Se, nos conhessece-mos eu talvez te podesse satisfazer os teus desejos, é que tenho um primo que vai algumas vezes em serviço a Cabinda, e, decerto lá existem tais frutas, penso eu.
Beijinhos
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