quarta-feira, maio 31, 2006

a noiva


vejo-me a frente de um espelho partido,
velho, apagado pelos anos;
o vestido roxo comprido,
- de lycra coberto de lantejoulas roxas -
colado ao corpo
sem deixar passar um fio de ar,
só os ombros e o rosto estão descobertos;
apesar do frio das paredes de pedra
do castelo abandonado,
sinto-me estranhamente quente
nem um arrepio, nem um tremor;
olho-me ao espelho e não me vejo!
oiço vozes a minha volta
o meu pai e a minha mãe tentam apressar-me
'estão todos a espera'
não sei bem de quê
algo me diz que é o meu casamento,
mas não o sinto...
saimos, as ruas de calçada de pedra
tudo parecia abandonado,
nem mesmo se via alguém, mas ouvia vozes
o ceu cobre-se se nuvens de sangue
vai chover, sim vai chover
as nuvens juntavam-se
formando uma sombra negra;
'vá despacha-te' ou vi alguém dizer


e acordei

1 comentário:

José Manuel Antunes disse...

Isso não é um sonho, É UM PESADELO.

Ginho